sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Miojo de Curry

Hoje quando fui almoçar me lembrei de algo que quero dividir com vocês.
No dia em que me mudei aqui pra Guarulhos, tem uns 2 anos e meio mais ou menos, achei que fosse o fim da minha vida, eu tinha certeza que iria morrer, foi realmente muito difícil.
Minha mãe estava se separando do marido (que era como um pai para mim), ela já havia decidido isso por algumas vezes, foi embora de casa por tantas vezes que até perdi a conta, mas dessa vez, era sério mesmo!
Como nunca era sério, eu sempre ficava em casa, e minha mãe ia embora, mas naquele dia comecei a guardar a minha mudança em caixas, com meu coração pesado, e aos prantos, eu não sei de onde vinham tantas lágrimas, como eu chorava. Ele fazia uma pressão imensa: Você é minha filha! Eu amo você! Não pode me deixar aqui sozinho!
Mas eu não podia ficar lá com ele, ele foi um monstro, traiu, mentiu. Como ainda podia dizer que ele era meu pai?
Não sei se chorava por ele, que eu considerava como meu pai, ou se chorava pela minha égua, que era minha única amiga na época, pois morávamos num sítio, longe da cidade, sem telefone e sem internet, eu não conhecia ninguém, e os vizinhos ficavam muito distantes.
Até que... O caminhão da mudança chegou!
Meu Deus é o fim do mundo!
Minha vida acaba aqui!
Nããooooo!
Minha vida não acabou ali, e eu estava com fome, muita fome, mesmo sem vontade de tomar um copo d´água minha mãe me fez companhia num delicioso miojo de curry, olha, só Deus sabe como estava difícil engolir aquele miojo.
Colocamos a mudança no caminhão e viemos embora... Guarulhos nos esperava!
Não estava muito feliz por vir para cá, mas eu tenho uma casa aqui, e para onde mais nós iríamos?
Eu chorava dia e noite quando nos mudamos: buuuuaaaaa, minha égua está lá sozinhaaaaa!
Eu tive que tomar uma atitude muitíssimo difícil, procurar um dono para minha égua, ela valia em torno de uns R$30 mil, mas eu não vendi, eu doei para alguém que cuida dela como uma filha, o que não podia é deixar ela lá, pois a raiva que ele tinha de mim ele descontava na égua.
Mas eu estou aqui contando tudo isso pra falar que o resultado desse dia foi que eu não conseguia mais comer curry, é isso mesmo, tudo que fosse temperado com curry não me descia, eu passava mal, fica enjoada e só de sentir o cheiro já me dava desespero e minha vó faz umas coxinhas... huummmm, nunca vi ninguém fazer melhor, e exclusivamente dessa vez ela usou um tempero diferente no frango, o tal do CURRY!
Huahauahuahauahauahauahauahauahauhaua
E eu comi aquela coxinha como se fosse minha última refeição, meu Deus, como aquilo estava bom!
Conto isso pra vocês rindo, mas a um tempo atrás me doía muito.
Então me veio algo em mente, talvez você também guarda mágoa de algum cheiro, perfume, sabor, lugar, cor, por causa de uma situação, vamos fazer uma reavaliação de nós mesmos e extinguir de vez essa lembrança?
Na fé...

Um comentário:

Sergius Kaiser disse...

Sabe, Carol..., não acretido em coincidências... porém ás vezes elas são tão reais que chega a arrepiar. Voce postou esse relato no dia 09 de Outubro de 2009, um dia após eu receber a maior "facada sentimental" que um ser ( humano ou não )pode receber, fui traido covardemente no dia 08.10, muito provavelmente esse ato deliberado e friamente calculado deve ter rompido a barreira da meia noite, portanto adentrou-se pelo dia 09/10, mas reconheço que nesse dia, minha alma e meu ser recomeçou, renasceu, e deveria passar por um processo de aprendizagem, como um bebê, que começa aprender a "engatinhar" sentar-se e depois, só depois aprende a ficar em pé e caminhar como bípede que é. E esse monstro ( o da traição ) manifestou-se novamente em um dia em que a humanidade ( humana ou não ) recordava, com pezar, o ataque ás torres gêmeas de Manhattan. Coincidências???, não sei mas que parecem parecem e, por certo, devem ter algo a dizer...
Beijos Pequenina gigante.